
A verdadeira educação é a capacitação para a obediência que só pode acontecer em espírito de disponibilidade, e de transgressão. A pessoa bem educada é sempre alguém livremente responsável.
Em nível de sociedade, quando o assunto é educação parece haver uma preocupação no sentido de levar as pessoas a se comportarem de uma determinada maneira, de uma forma ou de outra, todos deverão ser enquadrados, pois nenhuma sociedade suporta por muito tempo uma situação de desordem generalizada.
A verdadeira educação, ou civilização, deveria levar a uma relativização progressiva dos mecanismos coercitivos. Na verdade, as chamadas nações civilizadas são justamente onde as leis são aplicadas com rigor.
É terrivelmente precária a situação de uma sociedade que se pauta por níveis razoáveis de funcionalidade que estão expostas ao arbítrio sempre que os mecanismos coercitivos são abolidos ou se perdem. Pode-se acreditar que uma verdadeira educação mede-se por seu reflexo na antropologia, um autêntico processo educativo pode ser reconhecido por sua capacidade de levar as pessoas a uma adesão profunda aos valores que asseguram densidade e consistência à vida.
Em síntese, a educação deveria dar origem a um ser humano novo, capaz de não reproduzir a situação anterior e sempre aberto a criar novas situações de liberdade e dignidade humana. Quanto mais educado o provo, menor será o espaço reservado aos mecanismos coercitivos. Inversamente, quanto maior for a necessidade sentida por tais mecanismos, menor será o nível de educação atingido. As pessoas realmente educadas dispensam toda forma de pressão.